segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Apertando duas moedas até a mão doer

    Nada contra o Nico, mas sempre houve um único guia no inferno. E eu pego o Virgílio como fiz mil vezes antes. Fazia meses que nao encostava nele. Algo entre vergonha e crise do.impostor me manteve longe dele. A música tinha me deixado um gosto amargo na boca. Entre talaricos e aquela arrombada com o ego gigante, eu achei que não havia mais lugar pra mim segurando um baixo. Mas a vida é  assim, as coisas sempre encontram o caminho.

    São 3 da manhã e eu não preciso ligar o amplificador. Eu sei exatamente o som que estou tirando de cada uma das cinco cordas que tantas vezes me sustentaram quando eu estava prestes a desabar.  Tampouco preciso ligar a luz,  as discussões com o barão sobe não ser preciso olhar  ainda  ecoam aqui.  Meus mãos se perdem pela falta de prática, mas a sensação de que meus dedos sabem.exatamente onde ir é  absurdamente familiar.

    Sinto ganas de chorar  e peço desculpas pra mim mesmo por ter ficado longe do que sou. E vou colando meus pedacos com escalas dissonantes e água salgada. Deveria ser só um pedaço de madeira com um yin Yang desenhado, mas com ele na mão e muito por causa dele, eu sou maior. Eu sou o vento e a porra do meu trabalho é apagar as chamas pequenas e tornar as grandes ainda maiores. 

    Há uma fantasma na minha camisa do gremio e um anjo movido a sarcasmo na minha janela. Do meu bloco de rascunhos o diabo me olha de soslaio. E  eu nunca vou conseguir  agradecer  por  não terem desistido de mim. Chega de putaria, Tiago. Agora eu que vou jogar e vai ser com as brancas

sábado, 15 de fevereiro de 2025

Qualidades

    Sigo nesse espaço entre ter mais do que mereço e menos do que quero. Sigo na vida das pessoas enquanto eu for útil. Quando um dos faróis da minha vida precisa de mim, não há escolha. Em um determinado momento da vida, percebemos que quando confessamos nossas fraquezas para as pessoas certas, elas se transformam em força. Se não consigo roubar a dor da Dulcinéia pra sentir no lugar dela, pelo menos posso dividir o peso e deixar tudo mais leve pra ela. De onde tirei coragem pra falar o que falei.? Ah, eu sei. É meu trabalho. Apagar as fogueiras pequenas e deixar as grandes ainda maiores. 20 anos depois, eu sinto que ela cuidou da minha alma muito melhor que eu. Aquele modus operandi que foi resumido muito bem na comunidade do orkut "Coloque a culpa no Vento e seja feliz" segue atual.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Uma pedra azul pra jogar fora

    Parece que a mágoa persiste. ¿Quem define utilidade? Quando é útil? Certamente que não sou eu. Minhas definições e valores, de certo errado, de bom e ruim não valem para qualquer um. Então que cada um use sua própria balança. Na parede de uma bruxa vermelha eu escrevo perguntas e aforismas enquanto ela me olha como uma professora do primário olha pra uma criança que com orgulho desenha um ornitorrinco com 3 traços tortos. Mal sabe ela que eu escrevi para eu mesmo não me esquecer. Nada é verdade. Tudo é permitido. Achei que isso era uma liberdade, mas ultimamente soa como um custo. 

    E, no caso da mágoa realmente ainda persistir. O tempo vai contar a outra versão dos fatos. No momento tenho mais o que fazer. A porra da tempestade continua soprando do paraíso e minhas asas já tem entulhos e ruínas demais. Falar a verdade na hora errada às vezes faz com que ela soe mentira. 

    Minha fé arrebentou e vai todo um ritual pra remendá-la. A Roza quase se afogou pq eu me preocupei demais com ela. Quem diria que uma violeta ia me ensinar tanto sobre a vida. A fisioterapeuta estaria orgulhosa se soubesse. ¿E porque tudo isso gera perguntas na minha cabeça? Ah sim. Experiências repetidas para me ensinar num nível PHD o que deveria ter aprendido antes. Tem sempre uma repetição que outras vezes em minha vida acontece. Eu atravesso as coisas -  e no meio da travessia não vejo me arrebento.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

O acaso ainda é meu reino

No meio do caos do blues, estou sentado de cabeça baixa conversando comigo mesmo. Sinto alguém sentando do meu lado e mesmo sem olhar eu sabia quem era. A biscate eu conheço  pelo cheiro. 

-eu gosto de te ver no festival.tu caminha diferente aqui dentro. Ela me diz como quem comenta sobre o tempo no elevador.

Diferente como?

- É  fácil ver que tu sabe o que está fazendo e que seguraria esse aquele palco nas costas se fosse preciso.

-E se eu te dissesse que não me importo quase nada com o aquele palco. Mas eu me importo com aqueles dois com camiseta de bloco de carnaval.  Não é  a guerra. Essa merda é  a minha trincheira. eu cuido de quem esta comigo nela do mesmo jeito que tu me via cuidando de cada um dos peões dos meus jogos.

Ela me oferece um cigarro e a gente se escora um no outro. 

Serenidade. 

Eu sorrio lembrando que antes disso ela tinha me dado um tapa na cara sem cerimônia nenhuma. E agora ela me olhava satisfeita com a mesma  naturalidade que havia me olhado com pena depois de me bater. A mão que tudo escreve deve se divertir quando agenda nossos encontros

domingo, 3 de novembro de 2024

Mas errado quanto?

    Escrevi um texto uma vez enumerando coias que eu queria. Mas hoje eu queria apenas me importar menos com os outros. E talvez, mas só talvez, me importar mais comigo. Ainda não decidi sobre essa parte. Tudo vem em ondas, mas nesse mar em específico eu não queria tantas ondas me batendo. Às vezes eu queria passar no RH da firma e pedir desculpas por terem me contratado, mas sigo com a esperança boba de um peão, que torce para que haja uma mão mais sábia mexendo as peças e que, com sorte, me salve dos meus delírios.

    Há tantas fotos que eu deveria apagar do meu celular, tantas coisas que simplesmente deveria deixar para trás. Mas como uma árvore poderia deixar prá trás suas raízes?  Fora que preciso desse rastro de migalhas de felicidade caso eu precise voltar. Não que eu esteja perdido, mas não tenho ideia de pra onde estou indo. Ainda serei sufocado por essa vã esperança de ter para onde voltar, mas se não tenho medo da dor, o que tenho a perder.? 

    Ficaria tudo melhor sem mim. mas só mais nessa vida e na outra. ¿Era esse o trato, né.? Seguimos berrando 'nunca me conceda descansar' não porque não quero descansar, mas porque não sei ser outra coisa. E porque tenho certeza que não mereço. Seguimos com planos fadados a desmoronar por incúria de mim mesmo. Planos para ser o mar enquanto não consigo nem ser água.